19 de agosto de 2008

eclesia reformata, semper reformanda


Às vezes eu acordo pronto para fazer uma revolução. Às vezes, minha ira é maior que minha temperança. Eu tenho vontade de construir, mas antes demolir o construído.
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Dolorosa indignação é ver o Evangelho sendo consumido como artigo de prateleira. Ver a Graça Redentora sendo velada por obras, sobretudo, por obras mesquinhas. Ver cristãos sedentos por poder, enquanto Cristo e os Apóstolos ainda dizem: "servir, servir".
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Se o conceito de igreja fosse o conceito ligado à instituição, seríamos a maior imperfeição terrena. Mas a Igreja é o corpo de Cristo, são braços e pernas do Senhor. Nisto consiste sua insistência e sua caminhada à perfeição.
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Eu permaneço dividido entre rachar ou conversar. As conversas, por vezes, se mostram inúteis. O poder cegou os líderes, e o conforto alienante do "novo evangelho" amputou os liderados. A lógica do mundo é, para eles, aceitável. Para mim, não!
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Lutero liderou a Reforma Protestante, mas jamais desejou uma cisão. Esta ocorreu por intolerância da Igreja Romana, apenas isto. O objetivo era reformar e não construir igreja nova.
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A cada dia em que penso em dividir o que é e o que não é o Evangelicalismo (Protestantismo, chamem como quiser), me lembro de Lutero e sua dócil, porém racional, submissão à Igreja.
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Eu amo ser um herdeiro da Reforma. Para mim, são conceitos abaixo apenas das Escrituras. E eu oro para que meu orgulho protestante não se torne fúria contra aqueles que se dizem protestantes, tais como nós, e sujam princípios reformados.
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São quase quinhentos anos, e a Igreja não se livrou das crendices, amuletos, relíquias, mandingas, sejam pulseirinhas, do catolicismo popular, ou água do rio Jordão, do neopentecostalismo evangélico. Continuamos a nos vestir, diante de um Deus que nos vê nu. Continuamos a nos preocupar com obras, face a um Deus que não pode ser convencido.
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Por Anderson J. Leal Moraes

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